Iniciativa muda a paisagem do Rio São Francisco

Em Minas, uma cidade entrou para o Livro dos Recordes por causa de uma idéia que virou ação. A reportagem é de Ismar Madeira e Ricardo Moss.

Pescador no Rio São Francisco, Juca viu a mudança na paisagem, nos últimos anos. “Está uma beleza, em vista de antigamente, né? Está bom demais”, diz o pescador.

As árvores que formam a mata auxiliar levaram o município de Lagoa da Prata, em Minas Gerais, ao Livro dos Recordes.

O Jornal Nacional mostrou: em 1997, voluntários plantaram mais de 116 mil mudas às margens de rios e lagoas da cidade. Eloísia Melo era uma das mais animadas. Dez anos depois, mesmo sem poder enxergar, ela sente o resultado. “Era o que eu esperava. Ficou muito grande, a gente nem alcança. O clima é outro também, a gente pode respirar um ar muito mais puro”, se orgulha a professora.

Onde não havia árvores, agora elas chegam a até 15 metros de altura: 70% das mudas vingaram. E o que é melhor: até espécies que não foram plantadas durante o mutirão reapareceram.

As sementes de acácias e de micônias, por exemplo, foram trazidas por pássaros, como tucanos, que voltaram a povoar as áreas plantadas.

“As aves paravam aqui para descansar, para se abrigar, e aqui elas deixavam sementes de espécies das quais elas haviam se alimentado nas redondezas. E aqui essas sementes encontraram condições de se desenvolver”, afirma a engenheira florestal Marília Resende.

Foi uma década de cuidados. “Foi um trabalho contínuo de controle de formigas, de controle de pragas, para que as mudas chegassem a esse ponto”, diz Alessandro Costa, da Associação Alto São Francisco.

Trabalho de voluntários e de produtores rurais. Rogério replantou onde o avô havia desmatado. “Antigamente era destruir pra produzir, agora em uma área menor você consegue produzir. Estou fazendo a minha parte, né?”, acredita o produtor rural Rogério Moura.

José reflorestou pensando nos netos, mas bem antes do que esperava a água voltou a minar das nascentes que estavam secando. “Vendo o resultado que eu ajudei a plantar, essa preservação, eu fico satisfeito, muito feliz com isso”, diz o fazendeiro José Vidal.

Fonte: Jornal Nacional - TV Globo - 05/07/2007
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