quarta-feira, 23 de abril de 2008

Terremotos de mais de 5 graus na escala Richter atingem Brasil a cada 5 anos

RENATO SANTIAGO
da Folha Online

Terremotos de mais de 5 graus na escala Richter acontecem no Brasil, em média, a cada cinco anos, de acordo com o IAG (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas) da USP. Na noite de terça-feira (22) um terremoto de 5,2 graus na escala Richter assustou a população de cidades de ao menos quatro Estados.

Em 2007, um tremor chegou a atingir 6,1 graus na escala Richter (segunda maior magnitude registrada no Brasil) no Acre. Mas, como ocorreu a cerca de 500 km de profundidade, quem vive na área envolta do epicentro do tremor nem sentiu os abalos. O maior terremoto já ocorrido no Brasil foi em 1955, na cidade de Porto dos Gaúchos, em Mato Grosso, que atingiu 6,2 graus na escala Richter.

Na costa brasileira, terremotos de mais de 5 graus a cada 15 ou 20 anos, segundo Marcelo Assumpção, professor do Laboratório de Sismologia do IAG. O último terremoto desta magnitude na costa do Brasil ocorreu há 16 anos, próximo ao Rio Grande do Sul. Outros ocorreram em 1939 em Santa Catarina, em 1955 no Espírito Santo e em 1972 no Rio.

A região onde está localizado o epicentro do terremoto de ontem é um foco comum de tremores, de acordo com o Laboratório Sismológico. O tremor ocorreu a 215 km de São Vicente, local cortado por uma falha geológica.

Segundo o técnico de sismologia José Roberto Barbosa, os tremores na região ocorrem devido à acomodação dessas falhas.

"A tensão vai se acumulando conforme eles [os lados opostos da falha] vão atritando. Essa tensão é liberada em forma de tremor", explica Barbosa.

A diferença entre o tremor de terça e os que ocorrem comumente é de que ele teve uma magnitude pouco comum para o território nacional, de 5,2 gruas na escala Richter.

O terremotos brasileiros são de baixa magnitude devido à posição do país em relação às placas tectônicas (no centro da placa sul-americana). Os tremores acabam sendo mais fracos, mas, por outro lado, são mais superficiais.

A baixa profundidade do epicentro pode agravar o efeito dos tremores, segundo Barbosa. "Quando a profundidade é baixa a movimentação das placas chega com mais força à superfície podendo causar mais estragos", explica Barbosa.

Esse é um dos fatores que explica, por exemplo, os danos causados pelo terremoto que atingiu Itacarambi (norte de Minas) no ano passado. O tremor, de 4,9 graus na escala Richter, derrubou casas e causou a morte de uma menina de 5 anos, a primeira e única ocorrência do tipo no Brasil.

Em outros casos o abalo tem uma magnitude mais alta, mas é menos sentido devido à profundidade do epicentro.

Fonte: Folha Online

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