quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Espécie encontrada em Rio de Contas vira planta símbolo de Congresso Nacional



Espécie encontrada em Rio de Contas foi escolhida para ser a planta símbolo do 60º Congresso Nacional de Botânica que ocorrerá no período de 28 de junho a 03 de julho de 2009 na Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia.

Holoregmia viscida Nees (Martyniaceae) é uma espécie endêmica das caatingas baianas e em perigo de extinção. Em 2000, foi descoberto na estrada Real em Rio de Contas um arbusto com cerca de 2m de altura, com folhas grandes, opostas e carnosas, inteiramente coberto por tricomas glandulares e grandes flores bilabiadas com corola amarelo claro com tubo largo e internamente com pontos vermelho-vináceos, lembrando muito as flores de algumas Bignoniaceae. Diferentemente das espécies dessa família, o fruto era drupáceo e com exocarpo verde e viscoso, que logo caia mostrando o endocarpo castanho e muito lenhoso. O espécime foi incluído em Martyniaceae, apesar de ser muito diferente das outras 15 espécies dos quatro outros gêneros da família, que são ervas anuais e com frutos com cornos ou espinhos grandes no ápice. Foi possível identificar o espécime como Holoregmia viscida Nees, gênero monotípico, descrito a partir de coleta feita pelo Príncipe Maximilian von Wied-Neuwied em 1817 nas caatingas próximas ao atual município de Jequié. A confirmação da identificação foi feita pela comparação com o material-tipo, muito fragmentado e depositado no Herbário de Meise, Bruxelas (BR). Deve ser destacado que Stapf (1895) na revisão de Martyniaceae e Bretting & Nilsson (1998) ao apresentar a palinotaxonomia do grupo, expressaram desconhecimento do gênero. Até o presente, a espécie é endêmica das caatingas da Bahia, ocorrendo em pequenas áreas abertas, com influência dos rios de Contas e Paraguaçu, como mostrado pelo escasso material depositado nos herbários HUEFS e CEPEC. Entre Manuel Vitorino e Jequié, foi possível observar mais de cinco indivíduos formando uma população. O indivíduo de Rio de Contas teve seu crescimento acompanhado durante dois anos, mas foi extinto pela queima da área para plantio de manga. Certamente é um gênero e sua espécie em grande perigo de extinção. O encontro inusitado do primeiro indivíduo, associado ao estudo dos outros poucos espécimes, possibilitou a publicação de uma descrição completa da espécie (Harley et al. 2003) e ajudou a inclusão do gênero na recente revisão das Martyniaceae (Ihlenfeldt 2004).

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