sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Código Florestal brasileiro pode levar a perdas irreversíveis na biodiversidade tropical, dizem cientistas

Por Fábio de Castro

Se for aprovada em sua forma atual, a revisão do Código Florestal brasileiro, em votação no Congresso Nacional, poderá levar a perdas irreversíveis na biodiversidade tropical, alertam cientistas em carta publicada na edição atual da revista Science.

Intitulada "Perda de biodiversidade sem volta", a carta tem autoria de Fernanda Michalski, professora do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Tropical da Universidade Federal do Amapá, Darren Norris, do Departamento de Ecologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), e Carlos Peres, da Universidade de East Anglia, no Reino Unido.

Na carta, os pesquisadores apontam que as propriedades privadas correspondem a 39% do território brasileiro e representam um componente essencial para a conservação da biodiversidade florestal, à parte das áreas protegidas formalmente.

Mas os “interesses de curto prazo de poderosos grupos econômicos, influentes proprietários de terra e políticos, ao diluir o Código Florestal, ignoram o valor das florestas privadas para a conservação”, segundo eles.

De acordo com Fernanda, a manifestação é um complemento à carta publicada na Science no dia 16 de julho, por pesquisadores ligados ao Programa Biota-FAPESP, com o título Legislação brasileira: retrocesso em velocidade máxima?. Segundo ela, o objetivo foi colocar em evidência a modificação do código relacionada à redução de área das Áreas de Proteção Permanente (APP).

“A Science abre espaço para que possamos reforçar comentários feitos em edições anteriores. Quisemos fazer isso para enfatizar um pouco mais o problema diretamente ligado à redução das áreas de APP, que está sendo levantado na proposta de reforma do Código Florestal”, disse à Agência FAPESP.

Professora do Departamento de Ecologia da Unesp até o fim do primeiro semestre de 2010, Fernanda concluiu seu doutorado em 2007, na Universidade de East Anglia, sob orientação de Peres, e realizou pós-doutorado na Universidade de São Paulo (USP), com Bolsa da FAPESP.

“Parte do meu pós-doutorado correspondeu exatamente à avaliação do uso de áreas de APP por vertebrados de médio e grande porte. A partir dos dados obtidos nessa pesquisa achamos relevante destacar esse tópico no contexto da reforma do Código Florestal”, destacou.

A carta enviada em julho pelos pesquisadores do Biota-FAPESP apontava que as novas regras do Código Florestal reduziriam a restauração obrigatória de vegetação nativa ilegalmente desmatada desde 1965. Com isso, as emissões de dióxido de carbono poderão aumentar substancialmente e, a partir de simples análises da relação espécies-área, “é possível prever a extinção de mais de 100 mil espécies, uma perda massiva que invalidará qualquer comprometimento com a conservação da biodiversidade”, segundo eles.

O texto foi assinado por Jean Paul Metzger, do Instituto de Biociências da USP, Thomas Lewinsohn, do Departamento de Biologia Animal da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Luciano Verdade e Luiz Antonio Martinelli, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), da USP, Ricardo Ribeiro Rodrigues, do Departamento de Ciências Biológicas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, e Carlos Alfredo Joly, do Instituto de Biologia da Unicamp.

Efeito de borda

A carta publicada na edição atual da revista científica norte-americana afirma que a reforma da legislação irá “efetivamente condenar remanescentes florestais e a rebrota em terras privadas no maior país tropical da Terra”.

Segundo Fernanda, o texto reforça uma questão levantada na manifestação anterior, relacionada a um possível aumento do “efeito de borda” – uma alteração na estrutura, na composição ou na abundância de espécies na parte marginal de um fragmento florestal que acaba tendo impactos sobre a fauna e flora de toda a região.

“O efeito de borda se manifesta à medida que a permeabilidade da matriz aumenta e cria uma série de efeitos adversos para a flora e para a fauna. Mas, além disso, nossas pesquisas revelaram um outro dado importante que merecia ser destacado: quando a área de proteção é reduzida a menos de 50 metros de cada lado da APP, o resultado é um aumento considerável na mortalidade das árvores”, afirmou.

Os cientistas brasileiros alertam que, com as modificações propostas na legislação, a redução das áreas de proteção deverá provocar mudanças nas características da paisagem que reduzirão a capacidade da floresta para reter e conectar espécies, ou para manter a qualidade dos corpos d’água.

Segundo o texto, os proprietários rurais que cumprirem a nova legislação aumentarão a fragmentação da paisagem e reduzirão o valor das suas propriedades, por conta da erosão do solo e pela má regulação de captação de água nas bacias hidrográficas.

Mas ainda é possível ter esperança: “a comunidade científica e ambiental, as organizações não governamentais e o Ministério do Meio Ambiente ainda podem se conciliar com os defensores da reforma do Código Florestal”, ressaltam os autores.

“Para isso, será preciso melhorar a comunicação entre os segmentos da sociedade, desenvolvendo alternativas de gestão inteligente do uso do solo na matriz agropecuária existente e evitando, com isso, a expansão de novas fronteiras de desmatamento”, afirmam.

O artigo No Return from Biodiversity Loss (doi: 10.1126/science.329.5997.1282-a), de Fernanda Michalski, Darren Norris, and Carlos A. Peres, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org/cgi/content/full/329/5997/1282-a.

sábado, 24 de abril de 2010

Para especialista, Brasil precisa de uma Belo Monte por ano de energia


Brasília - O crescimento da economia brasileira vai levar a um aumento no consumo de energia e o país vai precisar a cada ano de cerca de 4 a 5 mil megawatts de capacidade nova instalada. Isso equivale à quantidade de energia estimada para a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, que deverá entrar em operação em 2015. A avaliação é do coordenador do Grupo de Estudos do Setor de Energia Elétrica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gesel-UFRJ), Nivalde de Castro

Para ele, o resultado do leilão de Belo Monte, realizado na última terça-feira (20), foi positivo porque a tarifa, de R$ 77,97 por megawatt-hora, é considerada boa para o consumidor brasileiro. “Essa usina, bem como as usinas de Jirau e Santo Antônio [no Rio Madeira, RO], vai reafirmar a matriz hidrelétrica brasileira, que é limpa, renovável e apresenta uma tarifa muito barata”, diz.

Castro lembra que, em 2007 e 2008, quando o Brasil não tinha projetos de hidreletricidade para levar a leilão, por causa da paralisação dos estudos de inventário, o Brasil foi obrigado a contratar 7 mil megawatts de termelétricas a óleo, energia considerada mais cara e mais poluente. Para ele, o Brasil tem a melhor matriz elétrica do mundo.

Segundo Castro, as tentativas de barrar judicialmente a obra não terão sucesso. “É um empreendimento que o Brasil precisa, tem um peso muito importante para o desenvolvimento do país. Isso é o que move a AGU [Advocacia-Geral da União] para evitar qualquer imbróglio que venha a prejudicar a construção desse empreendimento”.

A capacidade total instalada da usina será de 11,2 mil megawatts, mas a energia assegurada, ou seja, aquela que pode ser garantida, prevendo os períodos de seca, será de 4,5 mil megawatts médios.

Fonte: UOL

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Saneamento em área rural brasileira é pior do que em países africanos, diz ONU

Lisiane Wandescheer
Da Agência Brasil
Em Brasília
Homem cava buraco para construir cisterna na zona rural do município de Caridade, no Ceará

A cobertura de serviços de saneamento nas áreas rurais do Brasil é pior do que em países africanos e asiáticos. A informação é do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que comparou os dados divulgados pelo 4º Relatório Nacional de Acompanhamento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio com os da Organização das Nações Unidas (ONU).

O relatório, divulgado no final de março, mostra um crescimento da cobertura de saneamento nas áreas rurais de 10,3%, em 1992, para 23,1%, em 2008, mas destaca que ainda faltam soluções adequadas para a coleta e o tratamento dos esgotos domésticos.

Segundo o PNUD, a proporção de 23,1% dos moradores rurais atendidos por saneamento adequado é inferior à da zona rural do Sudão (24%), Nepal (24%), Nigéria (25%), Afeganistão (25%) e Timor Leste (32%).

Em 1992, 89,7% da população não tinham acesso adequado a esgoto; em 2008, eram 76,9%. Para cumprir as metas dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio até 2015 será necessário reduzir essa proporção para 44,85% nos próximos cinco anos.

O diretor de Articulação Institucional do Ministério das Cidades, Sérgio Gonçalves, explica que as realidades das áreas rurais do Brasil e dos países da África são muito distintas e não devem ser comparadas. “No Brasil, 80% da população mora na área urbana e no Sudão é o inverso e com características muito distintas”, afirma.

Segundo Gonçalves, o grande espaçamento entre as comunidades rurais dificulta a instalação de redes de saneamento. “As obras de saneamento rural são diferentes das urbanas. A dispersão das moradias torna muito cara a construção de redes de saneamento. Essa situação é amenizada porque nesses locais há água abundante para construção de poços e espaço para fossas, o que não acontece nas favelas”, esclarece.

O diretor do Ministério das Cidades afirma também que foram investidos R$ 4 bilhões de recursos do PAC para saneamento na área rural e que estão previstos outros R$ 4 bilhões para o PAC 2, mas que mesmo assim há dificuldades em cumprir os Objetivos do Milênio.

“O Brasil ficou muitos anos sem investir e temos um grande passivo para atingir as metas do milênio. Nem todas as obras ficarão prontas até 2015 e nas regiões Norte e Nordeste a situação é ainda mais difícil devido às grandes distâncias”, salienta.

De acordo com Gonçalves, a Fundação Nacional da Saúde (Funasa) está concluindo o Programa Nacional de Saneamento Rural, que deve ser lançado ainda este ano para ser implementado em 2011.

Fonte: UOL

terça-feira, 30 de março de 2010

Sapos são capazes de prever terremotos


O comportamento dos sapos durante o período de acasalamento pode possibilitar "prever o imprevisível", ou seja, um sismo, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira, dia 31, pelos pesquisadores de uma universidade britânica.

Uma "alteração brusca no comportamento" dos sapos comuns machos (Bufo-bufo) foi percebida "cinco dias antes do sismo" ocorrido na cidade italiana de Áquila, no dia 6 de abril de 2009, de acordo com a equipe que vigiava esses anfíbios em seu local de reprodução.

Os resultados obtidos sugerem que "os sapos comuns Bufo-bufo são capazes de pressentir eventos sísmicos importantes e de adaptar seu comportamento em consequência", disse a bióloga Rachel Grant da Universidade Open, em Milton Keynes, Reino Unido.

Junto de seu colega Tim Halliday, da Oxford, ela observava por vários dias os animais a 74 quilômetros de Áquila, no momento em que a cidade foi surpreendida pelo terremoto de magnitude de 6,3 graus e que fez 299 vítimas.

Cinco dias antes do tremor, o número de sapos machos presentes no local de reprodução brutalmente reduziu em 96%, um comportamento "altamente incomum" para esses anfíbios, segundo o estudo publicado no Journal of Zoology.

"Uma vez que os sapos chegam para se reproduzir, eles ficam habitualmente ativos em grande número no local de reprodução até que o período de acasalamento termine", lembraram Grant e seu colega da Oxford.

Nos três dias precedentes ao tremor, o número de casais caiu para zero.

Depois de terem abandonado o local com a proximidade do sismo, os machos retornaram para lá timidamente na lua cheia. Mas eles eram bem menos numerosos que nos anos anteriores: somente 34, contra 67 a 175 sapos contados no passado.

No dia 15 de abril, tendo se passado vários dias após o terremoto e dois dias depois da sua última réplica importante, o número de sapos continuou mais baixo que de costume.

Os pesquisadores confessam que não sabem ao certo "qual sinal ambiental" os sapos captaram com "tanta antecedência". Mas eles destacaram que a baixa das atividades dos anfíbios coincidiu com as "perturbações pré-sísmicas na ionosfera", camada superior da atmosfera onde os gases são ionizados (elétricos).

Essas perturbações detectadas em radiofrequências baixas podem estar ligadas a vazamentos de radônio, gás radioativo que surge do subsolo terrestre, ou às ondas gravitacionais.

Outros animais como elefantes, peixes, serpentes ou lobos também foram estudados no passado à procura de sinais precursores de sismo, sem, entretanto, fornecer dados tão concretos como os dos sapos.

Fonte: UOL

domingo, 10 de janeiro de 2010

Com frustração ou sucesso, nordestinos fazem caminho inverso e deixam o sul do país

Em 1938, o escritor Graciliano Ramos contou a história do retirante Fabiano. O livro "Vidas Secas" retrata o Nordeste e a retirada dos sertanejos para outras regiões do país. Passadas décadas de migração, o nordestino começa a fazer a viagem de volta. "Se fosse hoje, Graciliano contaria o Nordeste sob a ótica do Bolsa Família e da Previdência, e com a volta dessa família nordestina sem perspectiva em São Paulo", compara o professor de economia regional da Ufal (Universidade Federal de Alagoas) Cícero Péricles. Em seis anos, mais de 400 mil nordestinos voltaram para sua cidade de origem.
  • Arquivo pessoal

    O sonho de Leonardo Tavares, 22 (ao centro, junto com os pais), virou frustração em São Paulo


Os famosos paus-de-arara, que durante boa parte do século 20 foram o símbolo da migração nordestina para o "Sul", deram lugar aos ônibus que trazem os nordestinos de volta à terra natal. Ao contrário do que existia até o início desta década, hoje os números apontam que a região Nordeste recebe mais pessoas do que envia.

A esperança em ter uma vida melhor levou milhões deles a tentar a vida em outras regiões, em especial o Sudeste. Morar no sul do país sempre foi um sonho de quase todo sertanejo nordestino, como o trabalhador rural Leonardo Tavares, 22. Morador da zona rural do município da Pedra, no sertão de Pernambuco, o jovem conta que o desejo de morar em São Paulo, virou frustração no ano passado. "Não posso dizer que realizei o sonho porque pensei que era uma coisa e era outra. Eu fui trabalhar à noite, em uma usina de cana, e era muito perigoso. Então voltei com seis meses de trabalho", afirma.

De São Paulo, ele conta que trouxe apenas R$ 2.000, que investiu para comprar um terreno. Em Pernambuco, voltou a trabalhar no roçado e vive na casa dos pais, que são aposentados e recebem um salário mínimo cada um. "Hoje voltei para casa e jamais retornarei a São Paulo. Vou construir minha casinha no terreno que comprei e viver aqui, perto de minha família", conta.

Há também quem volte para perto da família por ter perdido o emprego. O técnico em mecânica João Abelardo, 49, morou por 17 anos em São Paulo e voltou em 2008 após ser demitido, no ano passado, de uma montadora em São Caetano, no ABC paulista. "Falaram que era a crise mundial. Muitos foram demitidos. Como estava difícil arrumar emprego e tinha um dinheirinho, voltei para minha cidade [Arapiraca, no agreste de Alagoas]. Vou pegar o dinheiro que ganhei e tentar montar o meu negócio", disse.

Sucesso no Rio
Entre os inúmeros casos de retorno frustrado, alguns regressos do Sudeste acontecem após carreiras bem sucedidas. Depois de 32 anos trabalhando como jockey, Juvenal Machado deixou a fama de recordista em vitórias no GP Brasil de Turfe (cinco vezes campeão) e retornou ao alto sertão de Alagoas, em 2002. Ele hoje mora na cidade de Delmiro Gouveia e tem uma fazenda onde cria animais e, claro, ainda monta cavalos.

Apesar do sucesso como atleta, Juvenal conta que, assim como todo nordestino, teve que "ralar" muito para alcançar a fama. "Comecei como tratador de cavalos, depois entrei na escolinha de turfe. A primeira vitória chegou em 1971. Disseram que eu tinha talento. Acreditei e fui adiante", contou.

Em julho do ano passado, ele virou tema do documentário "Lá vem o Juvenal" - numa referência à frase que marcou as narrações do locutor oficial do Jockey Club do Rio de Janeiro, Ernani Pires Ferreira.

Mas a aposta no Sudeste ainda é uma tônica do nordestino que quer melhorar de vida. A jornalista Andréia Amorim arrumou as malas e deixou Garanhuns, terra do presidente Lula em Pernambuco, para tentar a vida em São Paulo como cantora de rock lírico no ano passado.

"Decidi morar em São Paulo porque é uma cidade cosmopolita, que abriga todos os gêneros, todas as tribos. Primeiro morei em Campinas, mas agora estou na capital. Me mudei com a intenção de viver de música mesmo, divulgar o trabalho, e a receptividade tem sido muito boa", comemora a cantora, que quer voltar ao Nordeste apenas para fazer shows.

domingo, 29 de novembro de 2009

A história do cerrado

Cientistas investigam origem e evolução do bioma e apontam a importância dos incêndios naturais para a formação desse tipo de savana. A descoberta ajuda a entender por que esse ecossistema é tão rico em biodiversidade.

Por: Raquel Oliveira

Publicado em 16/11/2009 | Atualizado em 19/11/2009

A história do cerrado

Vista aérea da vegetação do cerrado. A rica biodiversidade desse bioma pode ter se originado de incêndios naturais ocorridos dez milhões de anos atrás (fotos: Marcelo Simon/ Embrapa).

O fogo teve papel importante na formação da flora do cerrado brasileiro. Essa é a conclusão de um estudo publicado esta semana na PNAS por uma equipe internacional de pesquisadores, que conta com a participação de brasileiros da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A pesquisa indica que os incêndios naturais são um dos motivos que fizeram do cerrado a savana tropical com maior biodiversidade do mundo.

A origem do cerrado coincidiu com a maior vulnerabilidade da região a incêndios naturais

A hipótese levantada pelos autores do trabalho é que a origem desse bioma coincidiu com o avanço de gramíneas sobre a região, causado por mudanças climáticas ocorridas dez milhões de anos atrás e responsáveis também pela expansão da savana em outros lugares do mundo. Por serem muito inflamáveis, as gramíneas deixaram o local do futuro cerrado vulnerável a incêndios.

Devido às novas condições climáticas, as plantas mais adaptadas a ambientes secos e mais resistentes ao fogo tiveram mais chances de sobreviver na região. Aparentemente, esse ajuste não foi difícil, já que o surgimento do cerrado foi relativamente rápido se comparado ao de outros biomas. Segundo o estudo, a diversificação da maior parte da flora do cerrado iniciou-se há aproximadamente quatro milhões de anos.

A formação do cerrado também teve contribuições dos biomas situados em seu entorno – a floresta amazônica, a caatinga, os pampas e a mata atlântica –, que compartilham com ele diversos gêneros. Mas o processo de migração da flora típica dessas vegetações ainda não está totalmente esclarecido.

Endemismo na região
Segundo um dos autores do artigo, o biólogo Marcelo Simon, da Embrapa, o estudo constatou que o cerrado tem poucos gêneros de plantas endêmicos. Entretanto, há espécies que se originaram exclusivamente no bioma. Só no gênero Mimosa, um dos quatro estudados pelo grupo, por exemplo, ao menos onze novas linhagens tiveram origem no cerrado.

Cerrado
Acima, espécies do gênero ‘Mimosa’, nativo das Américas Central e do Sul. O DNA de algumas linhagens desse grupo foi usado na análise filogenética que permitiu aos pesquisadores traçar a história evolutiva do cerrado.

Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores analisaram o DNA de quatro grupos de plantas: Mimosa, Microlicieae, Lupinus e Andira. Foi usado o método da filogenia genética, que permite traçar retroativamente prováveis relações de parentesco. O objetivo do grupo era investigar a evolução das adaptações das plantas do cerrado ao fogo e obter uma visão histórica da reunião das espécies no bioma.

Por meio de análises genéticas, foi possível investigar a evolução das adaptações das plantas do cerrado ao fogo

Mas os resultados devem ser vistos com certa reserva. Segundo Simon, a amostragem de DNA usada pelo grupo representa apenas 3 a 4% da flora do cerrado. Ele admite que o número ainda é baixo. “Esse é um esforço inicial”, ressalta em entrevista à CH On-line. “Mas há evidências baseadas em estudos feitos com outras plantas, como as do gênero Manihot (mandioca), que dão suporte às nossas conclusões”, defende. E completa: “Acreditamos que nossos resultados também podem ser representativos de histórias evolutivas de outras espécies.”

As características adaptadas ao fogo presentes nas plantas dos grupos estudados – como casca espessa e raízes profundas e grossas – levaram os cientistas a concluir que os incêndios naturais ocorridos no cerrado são talvez os ingredientes decisivos que culminaram com a riqueza de espécies do bioma. Essa conclusão se junta a outras evidências científicas que apontam a importância de fenômenos específicos em uma dada região para a formação de biomas com grande biodiversidade.

Raquel Oliveira
Ciência Hoje On-line

sexta-feira, 10 de julho de 2009

A luta pelo direito à cidade é uma luta contra o capitalismo

Texto de Kazuo Nakano

FÓRUM SOCIAL MUNDIAL – BELÉM – PA

A luta pelo direito à cidade é uma luta contra o capitalismo

Conferência de David Harvey na Teda da Reforma Urbana

Kazuo Nakano

Na manhã calorosa do dia 29 de fevereiro, o geógrafo David Harvey fez uma conferência sobre o direito à cidade na Tenda da Reforma Urbana que estava completamente lotada por membros do Fórum Nacional de Reforma Urbana como, por exemplo, representantes dos movimentos populares e de diferentes categorias profissionais. Professores, pesquisadores e estudantes também estavam presentes, em especial das áreas relacionadas com a geografia.

Alheio ao forte calor, Harvey começou afirmando que o direito à cidade é o direito de transformar as cidades em algo radicalmente diferente, o direito de participar dos processos de transformação das cidades que, normalmente, são construídas segundo os interesses do capital em detrimento das pessoas. A luta pelo direito à cidade é uma luta contra o capital. Há um estreito relacionamento entre o capital e os processos de construção das cidades.

Como o capital consegue ter tanto poder sobre as cidades? Por que os esforços populares são tão frágeis frente a esse capital? Como o capital funciona nas cidades e quais são as suas fraquezas?

Essas perguntas se impõem num momento em que, segundo Harvey, vivemos mais uma crise do capitalismo. Nos últimos 30 anos houve uma enormidade de crises financeiras. Desde 1970 houve 397 crises financeiras no mundo. Entre 1945 e 1956 foram 56 crises. Muitas dessas crises têm sua base nos processos de urbanização. Em 1997, uma crise nos EUA fez com que 300 bancos americanos entrassem em falência. Eram bancos que especulavam no mercado imobiliário. Eram crises causadas por especulações imobiliárias com recursos do mercado financeiro. Nos últimos 30 anos todas as crises financeiras tiveram sua origem nas especulações imobiliárias.

Para Harvey, o que vemos hoje não é somente uma crise financeira e no mercado de hipotecas norte-americano. Trata-se de uma crise urbana. Na década de 90, o superávit financeiro foi utilizado na exploração da mão-de-obra e na obtenção de meios de produção. Há sempre produção de superávits de capitais que financiam a expansão do capitalismo. Há sempre o problema de encontrar formas lucrativas para aplicar esses excedentes de capital, frutos do crescimento econômico. Esses superávits são usados em re-investimentos induzidos pela concorrência. Hoje, a China impulsiona o crescimento do capitalismo no mundo. Desde 1970 há menos investimentos em novos meios de produção e mais investimentos em imóveis e terras. A valorização desses ativos, em especial o encarecimento dos imóveis urbanos, assegura ganhos de capital.

Esse processo interdita a efetivação do direito à cidade, principalmente para os mais pobres que são cada vez mais expulsos para locais distantes, pois não possuem meios para acessar os melhores espaços urbanos. A partir da década de 70, o neoliberalismo provocou depressões salariais que aprofundaram esse processo de interdição do direito à cidade. Porém, o simples aumento dos ganhos salariais no interior da lógica do capital não resolve esse problema. Esses aumentos salariais incorporaram os mais pobres na “economia da dívida” por meio do mercado imobiliário, principalmente pelo mercado “subprime”.

Essa dinâmica de investimentos de capitais na produção e comercialização de espaços urbanos e a conformação daquela “economia da dívida” revelam a crescente mercantilização da cidade que desembocou na crise global atual. Os impactos dessa crise estão sendo profundamente desiguais. As execuções hipotecárias causadas por inadimplências afetam principalmente os mais pobres que vivem nas partes mais precárias e antigas das cidades americanas.

Harvey cita um mapa da cidade de Cleveland, nos Estados Unidos, que se encontra no site da BBC. Esse mapa mostra a perfeita coincidência das áreas onde se concentram as execuções hipotecárias e os locais de moradia da população afro-americana de Cleveland. Essa população é a maioria dentre os 2 milhões de norte-americanos que perderam suas casas com a crise. Segundo Harvey, a crise atual é um furacão Katrina financeiro. Como o furacão que arrasou New Orleans em 2005 e afetou principalmente os bairros mais pobres, os impactos da crise urbana e financeira atual recaem sobre os grupos sociais mais vulneráveis.

Contraditoriamente, a injeção de recursos públicos é mais para salvar o sistema financeiro e resgatar os agentes do capital do que para garantir os direitos sociais prejudicados pelos efeitos da crise. Os bônus obtidos pelos altos executivos das instituições financeiras que quebraram e receberam ajuda governamental chegam à casa das centenas de bilhões de dólares e superam, em muito, os recursos públicos usados para ajudar aqueles que perderam suas casas. Em muitos locais, as casas hipotecadas que foram confiscadas são utilizadas em pacotes financeiros e não em políticas públicas voltadas para garantir o direito á cidade e à moradia digna.

Outro problema levantado por Harvey é ligado ao encarecimento dos custos de deslocamento, por meio de automóveis individuais movidos com combustíveis fósseis, por causa da construção de novas moradias em locais distantes da cidade, durante a bolha financeira e imobiliária. Além de problemas econômicos, esse modo de produção de espaços urbanos eleva a emissão de gases de efeito estufa que agravam o aquecimento global e as mudanças climáticas. No Brasil, esse alerta feito por Harvey deve ser levando em conta para criticarmos a disseminação de loteamentos fechados e a chamada “urbanização dispersa” que induz a produção de espaços urbanos de baixa densidade em áreas distantes das cidades.

Diante desse quadro, é preciso empreender novas lutas pelo direito à cidade. Para Harvey, as crises sistêmicas atuais não representam o fim do neoliberalismo. Os governos atuam para proteger as instituições financeiras a qualquer custo. Não atuam para efetivar direitos e garantir o bem estar das pessoas. Durante a crise do México, o governo norte-americano ajudou o governo mexicano a impedir a falência dos bancos por meio de empréstimos e imposição de políticas de austeridade nos gastos sociais. Diante do dilema de ajudar os bancos e ajudar as pessoas que perderam suas casas, os recursos públicos são usados para salvar os bancos. Para Harvey, esses recursos deveriam ser usados para criar um banco de desenvolvimento urbano, voltado para financiar políticas urbanas e habitacionais que fortaleçam os direitos a cidades justas, democráticas e sustentáveis e moradias dignas.

Daí a importância e a urgência de fortalecer a militância dos movimentos sociais. O que vale mais, as instituições financeiras ou as pessoas? Temos que enfrentar o problema de absorção dos excedentes de capital. O crescimento econômico, puro e simplesmente não é a solução, pois, dependendo do modo como ocorre, pode provocar pressão imensa sobre o meio ambiente do planeta. Se não trabalharmos para enfrentar as crises sistêmicas atuais em profundidade, viveremos processos em que sairemos de uma crise para outra.

Sim, é preciso que haja alternativas. É preciso que haja alternativas ao capital em geral. Podemos começar o debate sobre a alternativa ao capitalismo com o debate sobre o direito à cidade.

Fonte: Ministério das Cidades

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Individualismo, consumismo e alienação em debate na Semana de Geografia

Incentivar discussões científicas acerca de questões sociais, políticas, econômicas e culturais da contemporaneidade é o principal objetivo da 9ª Semana de Geografia, que apresenta o tema “A ressignificação do individuo pós-moderno: individualismo, consumismo e alienação, para onde vai a geografia?”.

Promovido pelos estudantes do curso de Geografia do campus 4 da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), em parceria com o colegiado do curso, o evento será realizado entre os dias 16 e 19 de junho, no auditório do Departamento de Ciências Humanas (DCH), em Jacobina.

Os interessados em participar devem solicitar inscrição no e-mail cadg_uneb4@yahoo.com.br e pagar taxa de R$ 10. Estão disponíveis 160 vagas. Na programação do evento estão previstas conferências, mesas-redondas, oficinas e mini-cursos.

Durante a semana será realizado ainda o 1º Simpósio Baiano de Geografia (Simbgeo). Mais informações no site www.uneb.br.
Fonte: Agecom

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Livro de geografia da rede estadual de SP tem dois Paraguais

JULIANA COISSI
da Folha Ribeirão

Um livro de geografia distribuído pelo governo paulista aos alunos da sexta série do ensino fundamental traz duas vezes o Paraguai no mapa da América do Sul e ainda inverte a localização do Uruguai e Paraguai. O erro repete-se também no livro do professor. Outra incorreção é a não-inclusão do Equador no mapa "Fronteiras Permeáveis". Sem isso, o aluno não tem informação para responder à seguinte questão, na página ao lado: "Quais são os países sul-americanos que não fazem fronteira com o Brasil?"

A Secretaria da Educação da gestão José Serra (PSDB) diz, em nota, que o erro é de responsabilidade da empresa que produziu o material e que as escolas já foram alertadas sobre a falha por meio do site. A Fundação Vanzolini, responsável pela edição, disse que o material foi produzido por professores indicados pela secretaria.

O material começou a ser distribuído na rede, mas não há informação se já chegou a a todas as escolas do Estado. A empresa diz que 1,55% dos livros distribuídos têm erros, mas a Folha localizou o problema em várias cidades.

Um professor de São José do Rio Preto disse que identificou a falha no mapa em sala de aula. O erro foi motivo de piada entre os alunos. Segundo ele, há erros em quase todos os cadernos, mas, geralmente, são de grafia, não de informação. Cingapura, por exemplo, foi grafado com "s". Mas o erro do mapa, diz, "é gravíssimo".

"Um horror e um erro gravíssimo", concorda Sonia Castellar, professora de metodologia do ensino em geografia do curso de pedagogia da USP (Universidade de São Paulo).

"Esse material do Estado não está passando por avaliação rigorosa", disse.

Um outro docente de geografia, de Franca, disse já ter notado erros em outras apostilas. Segundo ele, é comum haver exercícios no caderno do aluno que não se repetem no livro-manual do professor, e vice-versa, além de exercícios sem resposta no livro do docente.

Alertado pela Folha ontem, um professor de Ribeirão Preto questionou a direção de sua escola no início da tarde sobre o erro. No final do dia, recebeu por e-mail um aviso de que precisaria alterar o material.

Uma coordenadora pedagógica de uma escola estadual de Ribeirão Preto (interior do Estado) disse que o governo estadual orienta as escolas a periodicamente observar no site as erratas dos cadernos.

Ela diz que, além do mapa, detectou no site erratas no caderno do aluno de outras séries nas disciplinas de arte, história, geografia, inglês e matemática. Mas ela não quis mostrar à Folha esses outros erros.

Outro lado

Em nota, a Secretaria de Estado da Educação afirmou que já havia identificado os erros apontados no caderno e que já informou os professores de toda a rede, pelo site www.educacao.sp.gov.br. Mas a errata só pode ser consultada pela direção da escola, por meio de senha.

A secretaria disse que a falha partiu da Fundação Vanzolini, "que elaborou os mapas e o projeto gráfico". Diz ainda que o material não será trocado e que a orientação é que os professores informem seus alunos sobre a correção.

Sobre erratas em outras disciplinas, disse que o erro mais grave foi o do mapa e que o restante se restringe a erros de grafia ou gabarito. A secretaria não respondeu a outras perguntas, como o total de cadernos impressos.

A Fundação Vanzolini alega que o erro atingiu 1,55% dos cadernos e que todo o conteúdo do material é desenvolvido por professores indicados pela secretaria.


Arte/Folha


Fonte: Folha de São Paulo

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Espécie encontrada em Rio de Contas vira planta símbolo de Congresso Nacional



Espécie encontrada em Rio de Contas foi escolhida para ser a planta símbolo do 60º Congresso Nacional de Botânica que ocorrerá no período de 28 de junho a 03 de julho de 2009 na Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia.

Holoregmia viscida Nees (Martyniaceae) é uma espécie endêmica das caatingas baianas e em perigo de extinção. Em 2000, foi descoberto na estrada Real em Rio de Contas um arbusto com cerca de 2m de altura, com folhas grandes, opostas e carnosas, inteiramente coberto por tricomas glandulares e grandes flores bilabiadas com corola amarelo claro com tubo largo e internamente com pontos vermelho-vináceos, lembrando muito as flores de algumas Bignoniaceae. Diferentemente das espécies dessa família, o fruto era drupáceo e com exocarpo verde e viscoso, que logo caia mostrando o endocarpo castanho e muito lenhoso. O espécime foi incluído em Martyniaceae, apesar de ser muito diferente das outras 15 espécies dos quatro outros gêneros da família, que são ervas anuais e com frutos com cornos ou espinhos grandes no ápice. Foi possível identificar o espécime como Holoregmia viscida Nees, gênero monotípico, descrito a partir de coleta feita pelo Príncipe Maximilian von Wied-Neuwied em 1817 nas caatingas próximas ao atual município de Jequié. A confirmação da identificação foi feita pela comparação com o material-tipo, muito fragmentado e depositado no Herbário de Meise, Bruxelas (BR). Deve ser destacado que Stapf (1895) na revisão de Martyniaceae e Bretting & Nilsson (1998) ao apresentar a palinotaxonomia do grupo, expressaram desconhecimento do gênero. Até o presente, a espécie é endêmica das caatingas da Bahia, ocorrendo em pequenas áreas abertas, com influência dos rios de Contas e Paraguaçu, como mostrado pelo escasso material depositado nos herbários HUEFS e CEPEC. Entre Manuel Vitorino e Jequié, foi possível observar mais de cinco indivíduos formando uma população. O indivíduo de Rio de Contas teve seu crescimento acompanhado durante dois anos, mas foi extinto pela queima da área para plantio de manga. Certamente é um gênero e sua espécie em grande perigo de extinção. O encontro inusitado do primeiro indivíduo, associado ao estudo dos outros poucos espécimes, possibilitou a publicação de uma descrição completa da espécie (Harley et al. 2003) e ajudou a inclusão do gênero na recente revisão das Martyniaceae (Ihlenfeldt 2004).

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Governo investe R$ 16 mi para atualização de base cartográfica

Na próxima segunda-feira (26), o Governo do Estado, por meio da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia da Secretaria do Planejamento, dará importante passo para a atualização da base cartográfica da Bahia. A SEI firmará contrato com a empresa Engemap (Engenharia Mapeamento e Aerolevantamento Ltda), no valor de R$ 16 milhões, para elaboração de produtos cartográficos.

A assinatura do contrato acontecerá no Auditório da Seplan, às 10 horas, com a presença do secretário do Planejamento, Ronald Lobato, e do diretor geral da SEI, José Geraldo Reis.

Este é o segundo contrato de produtos para a atualização da base cartográfica e inclui o Modelo Digital de Superfície (MDS), que traz a representação em 3D do terreno, ortoimagens, que é a sobreposição do MDS com as imagens de satélite, e as curvas de nível, que revelam a altimetria. Tais componentes são essenciais para a construção de mapas cartográficos com precisão.

O primeiro produto licitado para o projeto, contratado em dezembro e já em processo de execução pela empresa Imagem Geossistemas e Comércio Ltda, foram as imagens de satélite de alta resolução (2,5 m), recobrindo toda a Bahia.

As duas empresas vencedoras das licitações entregarão os produtos contratados, por lotes, ao longo de dois anos, iniciando pelo Oeste baiano, depois Semi-árido e Litoral, dando conta de todo o Estado. O investimento total será em torno de R$ 20 milhões.

Ao receber os produtos, a Bahia será o primeiro estado brasileiro a contar com uma base cartográfica atualizada, de alta resolução e com cobertura para todo o território.

Impactos

“Há uma demanda crescente de informações precisas e articuladas dos diferentes territórios que compõem o espaço geográfico baiano, de modo que se tenha um diagnóstico permanente de suas necessidades e potencialidades. Esse conhecimento é fundamental para nortear a atuação governamental e também da iniciativa privada”, diz José Geraldo Reis, diretor geral da SEI.

O diretor ressalta que o projeto beneficiará o planejamento territorial, principalmente a gestão ambiental dos recursos hídricos, os setores de petróleo e gás, agronegócio, mineração e transportes, a proteção de áreas de conservação e o planejamento público das prefeituras municipais, entre outros setores prioritárias para o desenvolvimento do estado.

A cartografia baiana está sendo reformatada no âmbito da Comissão Estadual de Cartografia (CECAR), entidade coordenada pela SEI/Seplan e com a participação de diversos órgãos públicos, que após um levantamento das demandas e da análise do acervo constatou a urgência da construção de uma nova base cartográfica.

Fonte: AGECOM

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

SEI assina contrato para aquisição de imagens de satélite

A Comissão Estadual de Cartografia (Cecar), entidade coordenada pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia da Secretaria do Planejamento, com participação de diversos órgãos públicos, sistematizou e aprovou uma proposta de construção de uma nova base cartográfica para o estado.

O projeto vinha sendo discutido desde 2007, quando a SEI deflagrou o debate sobre a urgência de rever a cartografia baiana, que data das décadas de 1970 e 1980. A implementação da proposta colocará a Bahia em posição de vanguarda no país, com uma base construída a partir de imagens de alta resolução e cobertura de todo o território estadual.

Nesta sexta-feira (12), a SEI dará um importante passo para a realização da nova base cartográfica do Estado. O Secretário do Planejamento, Ronaldo Lobato, e do diretor geral da autarquia, Geraldo Reis, assinarão o contrato com a empresa Imagem Geossistemas e Comércio Ltda, ganhadora da licitação que visa adquirir imagens de satélite atualizadas para todo o estado. O evento acontecerá no auditório da Seplan, às 11h30.

“A cartografia, pela primeira vez, está sendo tratada como uma política de Estado, com um projeto longo prazo, apesar dos resultados palpáveis já no próximo ano”, diz José Geraldo Reis.

O Exército Brasileiro, peça-chave neste projeto, também já sinalizou positivamente sua participação, por meio da Diretoria de Serviço Geográfico Brasileiro (DSG), órgão oficial de cartografia da União, juntamente com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e detém as mais atualizadas tecnologias na área.

Nova base

Após um levantamento das demandas cartográficas dos órgãos do estado e da análise do acervo existente, a Cecar constatou a urgência da construção da nova base para a Bahia.

A cartografia existente é defasada em cerca de 30 anos, o que resulta em trabalhos realizados com base em mapas que não retratam mais a realidade. Ocorre ainda inconsistência de dados e incompatibilidade de formatos de arquivos.

O contrato com a empresa Imagem Geossistemas e Comércio Ltda garantirá a aquisição de imagens de satélite, recobrindo toda a Bahia com resolução de 2,5 metros.

Essa qualidade é suficiente para elaborar cartas nas escalas de até 1:25.000, que permitem maior detalhamento que a atual de 1:100.00. A proposta consiste em mapear o semi-árido na escala de 1:50.000, e o litoral, o extremo-sul e o oeste na escala de 1:25.000, constituindo a base cartográfica com mais de duas mil folhas topográficas.

As novas imagens permitirão obter, de forma atualizada e detalhada, a representação do sistema viário, da hidrografia, de localidades e edificações. O projeto de atualização cartográfica inclui a constituição das curvas de níveis a partir de modelos em 3D das imagens de satélite, proporcionando informações sobre o relevo.

Outra etapa é a restituição planimétrica (mapeamento), que consiste em converter as imagens de satélite em base cartográfica, relacionando a representação georreferenciada com informações de bancos de dados.

Com as imagens e a partir da base cartográfica será possível construir mapas temáticos diversos, realizar estudos de usos do solo e o zoneamento, instrumentos essenciais para ações de planejamento, análise de risco, realização de obras e estudos diversos para acompanhamento das transformações do estado.

A proposta inclui ainda a capacitação do corpo técnico do Estado para gerir e atualizar a nova cartografia. É o estado da Bahia criando as condições para um planejamento moderno e eficaz.

Fonte: AGECOM


Governo assina contrato para modernizar cartografia da Bahia

Identificação de culturas agrícolas, zoneamento rural e florestal, estudos de gerenciamento de bacias hidrográficas e elaboração de projetos e manutenção de rodovias, ferrovias e portos.

Esses são alguns exemplos de atividades que tem na cartografia uma ferramenta fundamental para a sua correta execução, com economia de recursos humanos e financeiros.

Com o objetivo de modernizar a base cartográfica e de dados do Estado da Bahia, foi assinado, nesta sexta-feira (12), no auditório da Secretaria de Planejamento (Seplan), um contrato, no valor de R$ 4,5 milhões, com a empresa ganhadora da licitação, Imagem Geossistemas, que vai fornecer para o Governo imagens de satélite de todo território do estado.

As imagens serão fornecidas em lotes e, por uma questão de logística, a Bahia foi divida em três áreas que terão o recobrimento cartográfico - oeste e litoral e o semi-árido.

De acordo com o diretor geral da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais (SEI), Geraldo Reis, a atual base cartográfica está defasada, sendo datada das décadas de 1970 e 1980, e foi construída a partir de esforços isolados de alguns órgãos.

“A nossa Diretoria Geoambiental há muito tempo trabalha com uma tecnologia e com um produto bastante defasado. São imagens de cerca de 30 anos, então, a aquisição dessas novas imagens de satélite representa um salto tecnológico para a Bahia, com o objetivo de preparar e planejar o estado para grandes intervenções urbanas, de infra-estrutura, de exploração mineral, entre outras”, explicou Reis.

Convênio

Além da aquisição dessas imagens, está em andamento a execução de um convênio de cooperação técnica e financeira, entre o Governo do Estado e a Diretoria de Serviço Geográfico do Exército (DSG), para que este órgão possa avaliar e homologar os resultados obtidos com as aquisições e serviços relativos à cartografia sistemática.

A aquisição dessas imagens, marcando o início do projeto de Atualização da Cartografia Sistemática, representa, na avaliação do secretário de Planejamento, Ronald Lobato, uma revolução gerencial, administrativa e técnica.

“Na medida que se disponibiliza uma base cartográfica articulada com um banco de dados eficiente, eficaz e contemporâneo, nós vamos ter condições de avançar naquilo que é definido como prioritário para o governo, que é a articulação do conjunto das ações governamentais. Isso representa uma economia de recursos humanos e financeiros, pois nós estamos construindo uma nova base cartográfica da Bahia”, disse Lobato.

Ele lembrou ainda que a partir dessa base sistematizada, articulada com o país e com as referências estabelecidas, muitas áreas serão beneficiadas, como o meio ambiente e projetos estruturantes como a construção da ferrovia da Integração Oeste-Leste e do Porto Sul.

Cartografia

Ciência que se destina às representações do espaço geográfico, a Cartografia se ocupa da representação da superfície terrestre. Espacializa informações de sistemas viários, localidades, curvas de nível, hidrografia ou ainda fenômenos socioeconômicos e ambientais.

Fonte: AGECOM

domingo, 20 de julho de 2008

Vale a pena conferir

Nessas idas e vindas pela internet, resolvi fazer uma busca no google com a intenção de ver fotos de Rio de Contas. Para minha surpresa achei um blog muito interessante e recomendo a todos visitarem.
É uma iniciativa que até então, eu desconhecia!
É um projeto intitulado de Oficina de Sonhos e Bonecos

Clique aqui e confira!

segunda-feira, 7 de julho de 2008

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Brasil não tem depósitos adequados para lixo radioativo, revela IBGE

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil

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Rio de Janeiro - O Brasil está prestes a iniciar a construção de sua terceira usina nuclear - anunciada para este ano pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff -, mas ainda não tem depósitos específicos para armazenar seu lixo radioativo. É o que revela o estudo Indicadores de Desenvolvimento Sustentável, divulgado hoje (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A publicação mostra que o único depósito adequado no país guarda, exclusivamente, rejeitos do acidente com Césio-137, que ocorreu em Goiânia, em 1987. O depósito fica em Abadia de Goiás (GO).

O lixo radioativo produzido pelas usinas nucleares Angra 1 e Angra 2, cerca 2,08 mil metros cúbicos classificados como de alto nível radioativo, e os 13,7 mil metros cúbicos produzidos pelas industrias, hospitais e outras fontes, ficam armazenados de forma temporária em centros vinculados à Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnem).

Os depósitos são considerados seguros e ficam no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Minas Gerais.

A falta de depósitos adequados é apontada pelo estudo com um constrangimento ao uso da energia nuclear no país. “É como se as pessoas guardassem lixo tóxico em casa. Por mais que o mantenha em segurança, o ideal é que o lixo vá para o local no qual será, definitivamente, armazenado”, explicou o pesquisador Judicael Clevelário, da Coordenação dos Recursos Naturais do IBGE.

Segundo o pesquisador, a questão é polêmica e envolve decisões políticas. “Você deve colocar [o lixo] em um local onde possa vigiá-lo, para ver o que está acontecendo, intervindo quando necessário, e ao mesmo tempo longe do alcance das pessoas. Aí entra a questão de quem quer um depósito perto de sua casa? Essa questão ainda não foi resolvida pelos canais responsáveis”, disse.

No Brasil, a maior parte do lixo radioativo fica em São Paulo, que armazena 36% da produção nacional. O Rio de Janeiro, mesmo com as usinas Angra 1 e Angra 2, fica com19% do total, e a Bahia, com 18%.


terça-feira, 3 de junho de 2008

Entenda os terremotos e como eles afetam o planeta

da Folha Online

Um terremoto é um tremor de terra que pode durar segundos ou minutos. Ele é provocado por movimentos na crosta terrestre, composta por enormes placas de rocha (as placas tectônicas). O tremor de terra ocasionado por esses movimentos é também chamado de "abalo sísmico".

Reuters - 21.set.2002
Equipe de resgate trabalha nos escombros de prédios derrubados durante terremoto em Chai-I, em Taiwan
Essas placas se movimentam lenta e continuamente sobre uma camada de rocha parcialmente derretida, ocasionando um contínuo processo de pressão e deformação nas grandes massas de rocha.

Quando duas placas se chocam ou se raspam, elas geram um acúmulo de pressão que provoca um movimento brusco. Há três tipos de movimentos: convergente (quando duas se chocam), divergente (quando se movimentam em direções contrárias) e transformante (separa placas que estão se deslocando lateralmente).

Alterações no relevo

Os movimentos convergente e divergente das placas provoca alterações no relevo. A cada choque, a placa que apresenta menor viscosidade (mais aquecida) afunda sob a mais viscosa (menos aquecida). A parte que penetra tem o nome de zona de subducção.

No oeste da América do Sul, por exemplo, o afundamento da placa de Nazca sob a placa continental originou a cordilheira dos Andes.

Medição

Os sismógrafos são instrumentos utilizados para registrar a hora, a duração e a amplitude de vibrações dentro da Terra e do solo.

Eles são formados por um corpo pesado pendente a uma mola, que é presa a um braço de um suporte preso num leito de rocha. Se a crosta terrestre é abalada por um terremoto, o cilindro se move e o pêndulo, pela inércia, se mantém imóvel e registra em um papel fotográfico as vibrações do solo.

Os terremotos são classificados principalmente pela escala de Richter, fórmula matemática que determina a largura das ondas.

A escala de Richter não tem limite máximo. De forma geral, terremotos com magnitudes de 3.5 ou menos são raramente percebidos; de 3.5 a 6.0 são sentidos e causam poucos danos; entre 6.1 e 6.9, podem ser destrutivos e causar danos em um raio de cem quilômetros do epicentro; entre 7.0 e 7.9, causam danos sérios em áreas maiores; e de 8 em diante são destrutivos por um raio de centenas de quilômetros.

Há também a escala Mercalli, menos usada, com valores que vão de zero a 12 pontos. Menos precisa, a escala classifica os terremotos de acordo com o seu efeito sobre construções e estruturas.

No Brasil

O Brasil fica em cima de uma grande e única placa tectônica, ao contrário de outros países como os Estados Unidos e Japão. Nesses locais, existe o encontro de duas ou mais placas. As falhas entre elas são, normalmente, os locais onde acontecem os terremotos maiores.

No Brasil, as falhas são apenas pequenas rachaduras causadas pelo desgaste na placa tectônica, que levam a pequenos tremores, como os que aconteceram em Brasília (DF), em 2000, em Porto dos Gaúchos (MT), o mais recente, em 1998, e em João Câmara (RN), em 1986 e em 1989.

Além disso, em alguns Estados brasileiros são registrados tremores de terra. Os abalos são reflexos de terremotos com epicentro em outros países da América Latina.

Fonte: Folha Online

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Geografia da biomassa será redesenhada pelo novo clima

EDUARDO GERAQUE
da Folha de S.Paulo

As mudanças climáticas previstas para este século, especificamente dentro das fronteiras do Brasil, vão redefinir a geografia da produção da biomassa. Este processo, portanto, terá um impacto significativo sobre a produção dos biocombustíveis, uma das grandes bandeiras do governo federal.

"O mercado da produção de cana-de-açúcar [incluído também o que vai para os alimentos] deverá movimentar, em 2020, R$ 47,5 bilhões por ano", afirma Hilton Pinto, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), à Folha. Isso significa, em relação aos números da produção de cana de 2007, um aumento de 95,5%.

O prejuízo, entretanto, deverá ser debitado diretamente na conta dos produtores de soja, o principal grão usado para a produção de biodiesel. "Aqui, pode haver uma perda, no mercado nacional, de até R$ 6 bilhões". Em comparação com o mercado de 2007 deste grão, seria uma redução de 19,5%.

O cientista de Campinas é um dos autores de um estudo ainda inédito sobre o impacto das mudanças do clima sobre a agricultura. "Infelizmente, pelo resultado que nós temos, dá para perceber que o Nordeste do Brasil será a área mais afetada [pelo clima]", afirma Pinto.

Segundo ele, os cálculos do mercado da cana e da soja para 2020 também vão constar desse novo trabalho. "Nós fizemos uma análise minuciosa para todos os 5.172 municípios brasileiros", diz o agrônomo. Ao todo, dez culturas ainda estão sendo analisadas.

Enquanto a produção de cana ficará prejudicada em Estados como Pará, Piauí e Tocantins (em todos existem planos para a ampliação desta cultura), a soja deverá perder terreno, além do Nordeste (no oeste da Bahia já existem algumas plantações), também no Centro-Oeste, diz o estudo. "Mas, em compensação, ela deve ganhar mais áreas nos Estados da região Sul do país", diz Pinto.

Mamona em falta

O drama nordestino, em termos de produção de biomassa, deve provocar outra conseqüência. Deve ser o fim de um dos programas sociais do governo federal na área da energia. Com um aumento de até 3C nos termômetros da região, segundo Pinto, a produção da mamona --feita pelo pequeno produtor com incentivos públicos-- vai ficar totalmente inviável.

Apesar de as condições climáticas ficarem favoráveis para a cana-de-açúcar em quase todo o país, segundo tanto os dados paulistas quanto os da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), que também fez as suas próprias estimativas, o problema disso, no caso específico do semi-árido, é aumentar a pressão sobre a biodiversidade da região.

Várias espécies que vivem no bioma caatinga, por exemplo, correm o risco de extinção. É exatamente sobre essa região brasileira, entre outras, que os estudos que projetam o crescimento de áreas de cana-de-açúcar mostram que essa cultura será muito bem-vinda. "É uma cultura que adora bastante o calor e o carbono", diz o pesquisador da Unicamp.

Fonte: Folha Online

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Cana já é a segunda fonte de energia mais importante do país

Denise Luna
No Rio de Janeiro

Dados preliminares do Balanço Energético Nacional (BEN-2007), divulgados nesta quinta-feira, indicam que a cana-de-açúcar ultrapassou no ano passado, pela primeira vez, a energia hidrelétrica como fonte energética no país, ficando atrás apenas do petróleo e derivados.

Brasil vira potência energética global
Como funciona o programa de álcool no Brasil

O cálculo contabiliza energia em geral, incluindo o setor de combustíveis, não somente a geração elétrica. Entre as causas para o fortalecimento do álcool, estão o aumento da proporção do combustível na gasolina e a expansão da frota de carros flex.

Folha Imagem
Colheitadeira trabalha em fazenda de cana-de-açucar em Sertãozinho (SP)
Segundo o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, a cana atingiu um peso de 16% da matriz energética brasileira no ano passado, deixando em terceiro a energia hidrelétrica, com 14,7%.

O petróleo (com derivados) teve em 2007 um peso de 36,7% na matriz energética brasileira, caindo em relação a 2006, quando registrou participação de 37,8%, mas mantendo a liderança.

"É um ano histórico nesse sentido, e uma tendência irreversível", afirmou Tolmasquim ao comentar a nova composição da matriz energética. "A cana passará a ter papel maior do que a hidráulica na geração de energia elétrica, mesmo com megaprojetos como Madeira e Belo Monte", completou, referindo-se aos principais complexos hidrelétricos em planejamento.

Ele destacou que o crescimento da importância da cana se deveu ao aumento da demanda por etanol, já a produção elétrica por meio da queima do bagaço ainda não é representativa.

"Temos três fontes que serão a base da matriz, o petróleo, a cana e a hidráulica, e nas três somos auto-suficientes", disse.

Segundo dados da EPE, o consumo de álcool hidratado (tipo utilizado pelos veículos bicombustíveis) subiu 46,1% em 2007, para 10,4 bilhões de litros, e o de álcool anidro (que é misturado à gasolina) subiu 19,7%, para 6,2 bilhões de litros.

Por outro lado, a queda no consumo de gasolina no ano passado foi de 3,9%, para 18 bilhões de litros.

A EPE constatou que o Brasil manteve-se auto-suficiente em petróleo, com uma produção de 1,751 milhão de barris por dia, para um consumo de 1,734 milhão de barris. O país exportou em volume 421 mil barris por dia e importou 418 mil barris por dia da commodity. "Em valores estamos negativos na balança comercial, mas em volume, mesmo se colocarmos os derivados, o país manteve a auto-suficiência no ano passado", explicou.

Renováveis em alta
Somadas todas as fontes energéticas utilizadas no Brasil, o aumento da demanda por energia em 2007 foi da ordem de 5,9%, totalizando 239,4 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (tep), superando o crescimento do Produto Interno Bruto no período, de 5,4% no ano passado.

A participação da energia renovável cresceu de 44,9% para 46,4% na matriz energética brasileira de 2006 para 2007, superando a média mundial de 12,7%.

A matriz energética brasileira no entanto ainda é dominada pelas não renováveis, devido ao grande peso do petróleo e seus derivados. De maneira geral, as energias não renováveis -petróleo e derivados, gás natural, carvão mineral e urânio- caíram de uma participação de 55,1% em 2006 para 53,6% em 2007.

Enquanto o petróleo caiu de um peso de 37,8% em 2006 para 36,7% no ano passado, o carvão aumentou de 6% para 6,2% na mesma comparação.

De acordo com dados da EPE houve aumento da utilização de carvão mineral no país puxado pelo desempenho do setor siderúrgico. O incremento do uso de carvão mineral em 2007 foi de 8,6% em razão do aumento da produção de coque metalúrgico. Por outro lado, o consumo de urânio caiu 9,9% em função das paradas de Angra 1 e Angra 2 no ano passado.

A oferta interna de energia elétrica, que equivale à demanda do país, teve aumento de 4,9%.

Fonte: Reuters/UOL

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Bahia lança edital até julho para comprar imagens de satélite

O passo decisivo para desenvolver um sistema integrado de informações espaciais, cartográficas e estatísticas da Bahia será dado até julho deste ano, com o lançamento do edital para adquirir imagens de satélite para o início do mapeamento no estado. A decisão foi anunciada nesta terça-feira (06), por representantes da Comissão Estadual de Cartografia (Cecar), durante uma reunião na Secretaria do Planejamento (Seplan).

Com recursos garantidos pela dívida pública estadual, a Bahia investirá cerca de R$ 32 milhões na aquisição e mapeamento de todo o território nas escalas de 1:50 mil e 1:25 mil.

Segundo a diretora da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais (SEI), Rita Pimentel, a cartografia disponível hoje no estado data das décadas de 70 e 80, o que já não atende mais às necessidades do ponto de vista de planejamento, gestão pública e para a realização de estudos na área de recursos naturais.

“A nova base cartográfica ampliará nosso leque de trabalho, por permitir um maior detalhamento, a exemplo do salto de 92 cartas planimétricas para 1,3 mil, apenas no Oeste”, garante.

Para o assessor econômico da Seplan, Cesar Nascimento, a cartografia é um importante instrumento de controle visual do território. Ele afirma que o tema é estratégico para o Governo, tendo sido contemplado no Plano Plurianual e será reforçado na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) 2009 como ação prioritária.

Quanto aos prazos para aperfeiçoar o planejamento regional da Bahia, Pimentel diz que a previsão é 2013, mas em julho de 2009, o mapeamento de todo o Oeste baiano e o início do Litoral e Extremo Sul terão sido concluídos.

“Pensamos em começar pelo Oeste porque é a cartografia mais desatualizada, além de ser uma região dinâmica, onde surgiram novos municípios, novas estradas e é um pólo exportador”, conclui.

Fonte: AGECOM